terça-feira, 20 de maio de 2008

Minha vida é andar por este país...


1970, ano em que eu, a Graça menina, adolescente, começava a se transforma em uma mulher. Ano em que houve uma total modificação na minha vida. Deixava para trás as diversões, a vida de estudante de 2º grau, o carinho e zelo dos meus tios que me criaram, para enfrentar uma vida de adaptações, clima, sotaque, cultura e trabalho para manter meus estudos. Uma vida totalmente diferente da que eu levava em Belo Horizonte.

Devido a morte da minha mãe, em setembro de 1968, eu e meus irmãos ficamos emocionalmente abalados, e por isto, minha irmã mais velha sentia necessidade de mudar o cenário de nossas vidas. Foi então que meu tio, irmão mais novo da minha mãe, que tem nome de um guru indiano Ramakrishna Bagavan dos Santos, morando na Bahia, e que na época exercia cargos de grande importância na política baiana, resolveu trazer minhas duas irmãs mais velhas, Socorro e Rosário, para trabalharem em Salvador. Mais tarde, minhas irmãs preocupadas com os outros irmãos mais novos que tinham ficado em Belo Horizonte, convenceram meu pai a vir morar também na Bahia, com toda a família.

Em dezembro de 1969, chegávamos em Salvador/Bahia. Quando chegamos, tudo era estranho, nos sentíamos estranhas nesta cidade. Vínhamos de uma cidade relativamente nova, de arquitetura moderna, avenidas largas, praças floridas e clima frio, para outra que preservava viva a memória do Brasil Colônia, ruas de paralelepípedo, de igrejas seculares, do artesanato típico, da crença diversificada, de seu povo mestiço, dos mitos e ritos do folclore. Assim, nós nos sentíamos estrangeiros no nosso próprio país... Não conhecíamos ninguém, não conhecíamos a cidade, nos sentíamos sozinhos...

Era o início de uma nova fase.... eu chorava a grande saudade de Belo Horizonte, mas, tinha em mente um ideal, e todo ideal exige sacrifícios, e de todos, o maior era a ausência prolongada da cidade, das amigas, dos meus tios e primos. As vezes sentia uma saudade imensa em meu coração, às vezes fazendo-o bater descompassadamente a cada amiga lembrada!

Mas os amigos tão queridos seguiram comigo pelas minhas trilhas, onde buscava meu eu mais profundo. Claro que carrego-os todos até hoje, dentro do meu coração. E assim, segui por aqui, em busca de mim mesma...

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