Vista panorâmica de BH
Papai e mamãe demonstraram claramente sua afeição a nós, seus setes filhos. Eles nos ensinaram a nunca ter medo de falar sobre o amor, nunca ir dormir zangados com alguém, sempre ficar em paz com nossos corações antes de fechar os olhos à noite, e nunca ter vergonha de dizer: “Sinto muito, eu estava errada”.
Meu pai era músico, quando jovem tinha uma orquestra, e seu instrumento musical preferido era o saxofone. No entanto, os filhos foram nascendo e com eles a necessidade de procurar um emprego com renda mais estável, pois, naquela época viver de música não conseguiria dar uma boa educação para seus filhos. Sendo assim, teve que abandonar seu melhor sonho, para ser funcionário público federal do IBGE.
Durante toda minha infância passei horas maravilhosas ouvindo meu pai tocando saxofone, nas suas horas de folga do trabalho.
Minha mãe, foi meu anjo da guarda até meus 22 anos, quando ela partiu para um mundo melhor. Lembro dela brincando com a gente de boneca ou dizendo que nós éramos seu tesouro. Sempre de bom humor, sabia fazer comida caseira como ninguém e costurava roupas com perfeição. A vizinhança lhe adorava e ela sempre as recebia com gentileza. Mas, apesar de toda sua alegria, ela sofria de uma doença crônica, a asma. Nas noites frias de Belo Horizonte, ela sofria mais. Lembro-me das noites em que eu ficava ao seu lado preparando chá, quando as crises de asma lhe tirava o sono. Doía-me o coração ao vê-la procurando ar e não encontrava, tinha que cheirar uma “bombinha” (remédio) para a crise passar, e foi em uma destas crises que seu coração não resistiu e ela teve um enfarte fulminante, nos deixando aos 56 anos de idade.